Quinto encontro – 24/01/2012

O penúltimo dia de atividades do programa “Férias com Ciência” foi marcado por atividades de exploração, observação e pela comparação entre abelhas e vespas – os populares marimbondos, com ênfase nas semelhanças e diferenças entre os ninhos de espécies solitárias e sociais.
A atividade foi iniciada com a observação das duas abelhas verdes, aeuglossini (polinizadora de orquídea) que nasceram no final de semana do ninho retirado da prateleira de madeira e que estava sendo observado há duas aulas. Os estudantes viram as abelhas com a lupa e, no microscópio, observaram as aranhas encontradas no ninho da vespa, também coletados no encontro anterior.
Abelha euglossini que emergiu do ninho coletado

A aluna Mayara Lemes Rossato realizou uma pesquisa sobre a forma de defesa e ataque das abelhas: “Eu vi uma abelha que chama Abelha-Cachorro, que eu saiba, ela não tem ferrão nenhum, ela ataca entrando nas superfícies das pessoas, nariz, ouvido”. Após o questionamento de jovem, partiu-se para uma atividade de exploração e todos observaram um tronco de pinheiro localizado à frente do MuLEC, no qual muitas abelhas Arapuá (Abelha-Cachorro) estavam coletando resina da árvore para a construção do ninho. Os jovens também exploraram outros animais que os pesquisadores encontraram ao pegar lascas do tronco, entre eles um escorpião vermelho, que foi colocado num vidro.

Ricardo Couto, corrdenador da atividade e doutor em abelhas, explicou que elas não vivem no tronco, estavam lá para coletar resina. Os ninhos são feitos, geralmente, em árvores altas onde tem oco. A atividade provocou a curiosidade de Mayara: “Qual é aquela abelha que fica rondando quando estamos tomando refrigerante ou comendo alguma coisa?” O pesquisador respondeu que essa é a abelha africanizada, que tem ferrão, mas não costuma picar nessas situações.
Jovens participam de coleta de abelhas

 

Algumas abelhas foram capturadas em tubos de ensaio para que os alunos pudessem observá-las melhor. Um tubo estava com três abelhas e uma delas tinha resina presa na pata, o que chamou a atenção do aluno Arthur Figueiredo: “Olha, elas estão brigando e ficaram presas por causa da resina”. No outro tubo foram capturadas duas abelhas, uma Apis e outra Arapuá. Para se localizar as abelhas se guiam pela posição do sol em relação ao ninho e que entre elas há comunicação baseada no sol e em feromônios, por isso conseguem voltar para os ninhos quando saem na procura por alimentos.

De volta à sala, os tubos com as abelhas foram colocados no freezer por um minuto, tempo necessário para paralisar momentaneamente o inseto, sem causar danos. Com isso, os estudantes puderam observar atentamente as abelhas e as estruturas do corpo, pegando a Apis e da Arapuá na mão. Os alunos notaram a presença de pelo na pata da abelha Arapuá, que são as estruturas que colaboram na coleta do pólen.
Os estudantes ainda acompanharam a abertura de uma colmeia de vespas, encontrada em uma árvore atrás do MuLEC,  com o objetivo de compará-lo ao ninho da espécie isolada e descobrir se nele também havia aranhas (presas que garantem a alimentação das larvas) e qual o seu padrão de organização. Arthur logo encontrou uma vespa imatura (pupa), que não conseguiu nascer, mas mesmo em fase de desenvolvimento já tinha um ferrão desenvolvido. Na colmeia era possível ver vários ovos que não se transformaram em larva, a hipótese levantada pelos alunos foi de que faltou cuidado com as larvas. Os estudantes também constataram que o ninho é dividido em castas e que antes de a vespa botar o ovo, elas produzem os favos. Ao observar uma parte do ninho com a lupa, Arthur fez outra descoberta: “Todos têm entrada. Tem acesso a todos”, disse ele, referindo-se a um furo que liga todas as camadas da colmeia.
Ninho de marimbondo que foi aberto durante o evento

Os alunos apontaram as semelhanças e as diferenças entre ninhos isolados e colmeias. Nicolas do Carmo apontou a primeira semelhança: “Todos precisam ter casulos” e Arthur prosseguiu: “A proteção dos filhotes”. Como diferença, eles afirmaram que o ninho isolado da vespa tinha estoque de aranhas para alimentação da larva, enquanto o do grupo não tinha nenhuma. Isso se dá porque o grupo é mais elaborado e complexo e como todas precisam comer, a enfermeira recebe a comida de quem caçou e as alimenta.

No final do dia, as abelhas encontradas nos ninhos isolados foram espetadas para serem identificadas e catalogadas. Os alunos conheceram um insetário, que é importante para a catalogação de espécies e realização do levantamento de uma área, mesmo que ela ainda não seja conhecida. Os jovens também aprenderam como espetar um inseto e o tipo de agulha indicado para fazê-lo.
Curiosidade:
Há diferenças entre a ferroada da abelha e da vespa. O ferrão da abelha tem “dentinhos” e por isso, uma única abelha só pica uma vez. Já o do marimbondo é liso e isso possibilita que ele ferroe várias vezes. A abelha só tem ferrão quando é social e só picam para defender o ninho delas.
Redação: Carla Garcia
Revisão: Fernando Trigo e Ricardo Couto