No dia 28 de setembro, o professor Guilherme de Araújo Lucas, do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP participou mais uma vez do programa Adote um Cientista e trouxe um assunto bem curioso aos estudantes.

Com o tema “Neurônios que brincam de espelho”, o palestrante iniciou falando sobre as particularidades do neurônio. Célula funcional do Sistema Nervoso, o neurônio têm como característica a excitabilidade, resultado do movimento de íons pela membrana que gera um impulso elétrico; a condutibilidade, que é capaz de transmitir esse impulso elétrico em grande velocidade; e a sinapse, que é a capacidade que o neurônio tem de se comunicar com outras células.

Você sabia que o neurônio é uma célula ótima em se comunicar? E que quanto mais os neurônios se comunicam, mais sofisticado é o Sistema Nervoso? O palestrante ressaltou também como os circuitos neurais determinam as diferentes ações do Sistema Nervoso, como capacidade que nós temos de enxergar e de ouvir, por exemplo.

Mas afinal o que são neurônios-espelhos? O professor Guilherme explicou que são neurônios capazes de imitar a ação de um neurônio pertencente a outro indivíduo. A descoberta desses neurônios foi considerada inclusive um dos achados mais importantes da ciência sobre a evolução do cérebro humano. Esses neurônios se encontram no córtex pré-motor do cérebro e são ativados quando outro indivíduo é visto realizando alguma tarefa, a qual o cérebro imita, repetindo a ação motora visualizada. Você sabia também que bocejar ao ver outra pessoa (ou até outro animal) pode ser um mecanismo de atuação dos neurônios-espelhos?

No decorrer da palestra o professor Guilherme lançou a pergunta:

O ser humano é capaz de imitar ou “ter” o sentimento de outra pessoa ou animal?

 

O ser humano é capaz de se sentir triste ao ver outra pessoa triste, por exemplo?

Segundo o palestrante a resposta é sim, por meio da empatia, principalmente quando se tem algum vínculo afetivo pela pessoa ou proximidade filogenética (parentesco evolutivo) com outros animais.

De uma forma geral, empatia é a capacidade de compreender emocionalmente o indivíduo. Ela tem um componente emocional e outro cognitivo, que se divide em aprendizado, associação e raciocínio. Segundo o palestrante, a empatia não está associada somente ao ser humano, ela também pode ser observada em outros animais. Exemplo disso são outros primatas como chimpanzés, bonobos, orangotangos, e outros mamíferos como os golfinhos e baleias, que expressam emoções quando em contato com outros indivíduos da mesma espécie.

Você sabia que a falta de comunicação entre neurônios podem estar envolvidas em diversas doenças, síndromes e transtornos psicológicos? O autismo e a esquizofrenia, por exemplo, de acordo com os especialistas fazem com que os pacientes tenham algum problema de comunicação com os neurônios-espelhos, resultando em uma menor empatia por outros seres humanos ou animais.

Você sabia que se o cérebro não compreender a empatia corretamente, uma pessoa pode ter algum problema de relacionamento e/ou comportamentais? Você sabia que as sinapses não são iguais nos indivíduos? Ou que a empatia pode ser construída também a partir do meio social em que a pessoa está inserida? Confira mais informações sobre esse tema bem atual relacionado ao cérebro humano assistindo a palestra na íntegra no vídeo abaixo.

 

Por: Crislaine Messias

Revisão: Caio M.C.A. de Oliveira