Infecção congênita por Citomegalovírus: sua importância e como prevenir

Você já ouviu falar em Citomegalovírus? Sabe o que é? A fim de esclarecer algumas curiosidades acerca deste tema, a professora Aparecida Yulie Yamamoto, do Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto- FMRP da USP trouxe aos alunos do Adote um Cientista a importância e como prevenir o Citomegalovírus, abreviado como CMV.

Sabia que é possível afirmar, com certeza, que você já teve algum tipo de contato com esse vírus? O Citomegalovírus é muito comum e pode infectar qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. Por outro lado, a maioria das pessoas não sabe que tiveram essa infecção porque ela não apresenta manifestação clínica.

Para continuar a abordagem do assunto primeiro é preciso saber… O que é o Citomegalovírus? Bom, Citomega significa uma célula muito grande. O citomegalovírus (CMV) pertence à família do herpesvírus, a mesma dos vírus da catapora, herpes simples, herpes genital e do herpes zoster. O vírus é transmitido por meio da urina, saliva, leite materno, secreção cervical, esperma, sangue, transplantes de órgãos. É sabido que a prevalência da infecção aumenta conforme a idade.

O maior problema é quando a infecção ocorre durante a gravidez. Você sabe o que é infecção congênita? No contexto do tema, a palavra congênita significa que a infecção ocorreu antes do nascimento da criança, ou seja, a infecção foi adquirida pela mãe e em algum momento durante a gestação e foi passada para o bebê ocasionando a Transmissão vertical (mãe-filho).

De acordo com os especialistas no período da gravidez a mulher está sujeita a vários tipos de microorganismos – organismos que não podem ser enxergados a olho nu, mas que a grávida entra em contato com eles. Quem são esses microorganismos? Podem ser vírus, bactérias, protozoários, vírus da Aids, Hepatite, entre outros.

Você sabe em que momento o Citomegalovírus pode ser transmitido da mãe para o filho?

Existe a infecção congênita que é hematogênica, transplacentária, ou seja, no percurso o vírus passa pelo sangue, em seguida pela placenta e chega até a criança. Ela pode alterar o desenvolvimento normal de uma criança e potencializa as chances de surdez permanente e alterações neurológicas.

Existe também a infecção perinatal, que ocorre após o nascimento do bebê. Frequentemente é adquirida por meio de secreções no parto ou pelo leite materno. A maioria das infecções adquiridas desta forma é assintomática, o que dificulta conhecer o potencial das alterações genéticas que podem no futuro.

Vocês sabiam que o Brasil está entre os países com maior prevalência da infecção congênita por Citomegalovírus? A Infecção congênita por citomegalovírus trás consequências ao feto, ao recém-nascido e criança maior. Atualmente o vírus é responsável por cerca de 25% dos índices de perda auditiva neurossensorial em crianças.

Atualmente, cinco em cada 1000 crianças infectadas pelo CMV evoluem para o óbito ainda no período neonatal, além de serem afetados pelas alterações neurológicas como Microcefalia, Paralisia infantil, Epilepsia, alterações motoras, perda visual, alterações de comportamento como dificuldades no aprendizado

Segundo a professora Aparecida Yulie, no período de 2003 a 2009 foram triados 11.995 recém-nascidos, no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Desses recém-nascidos, 119 apresentaram infecção congênita por Citomegalovírus, sendo 10% de casos sintomáticos e 90% de casos assintomáticos. E ainda foi constatado que 10% dos recém-nascidos tiveram a perda auditiva. A palestrante explica que os dados obtidos reforçaram a necessidade de aprofundar ainda mais as discussões sobre a incidência do Citomegalovírus.

Já que está comprovado que o citomegalovírus é tão comum e causa tantos problemas, porque ninguém ainda inventou uma vacina para combater esse vírus? Aliás, você sabe como seria a ação de uma possível vacina no organismo humano?  Quais os desafios para controle e prevenção do Citomegalovírus atualmente? Confira no vídeo abaixo uma palestra com o objetivo de aproximar os participantes de um vírus que está muito mais perto do que todos imaginam.

Texto por: Crislaine Messias

Revisão por: Caio de Oliveira

 

Este slideshow necessita de JavaScript.