Todos nós convivemos diariamente com insetos a nossa volta, mas muitos nunca paramos para observá-los melhor. Como diferenciar os insetos dos demais artrópodes como aranhas, escorpiões, camarões e lacraias? Todos os insetos têm asas e essas asas são todas iguais? Que diferenças existem na boca dos insetos para uns picarem a gente em busca de sangue enquanto outros mastigam grama? E por fim, existem insetos bebês, crianças e adultos ou, em outras palavras, como é o ciclo de vida desses animais? Para responder essas perguntas a equipe da Casa da Ciência elaborou a oficina “Twitando sobre os isentos” (Veja os tweets dos alunos),  no dia 16 de agosto de 2018, como parte do programa Adote um Cientista.

Na oficina os alunos escreviam tweets sobre o que aprenderam no Adote um Cientista

       Falando em insetos pensamos primeiramente nas asas, mas será que existem outras partes que ajudam melhor os cientistas à classificá-los? Sim, na verdade você pode reconhecer um inseto pela boca! Os primeiros insetos foram chamados de Ectognathas, ou seja, as peças bucais são externas, fora da cápsula cefálica. Todos os outros grupos de artrópodes têm as peças bucais localizadas do lado interno da cápsula cefálica (Entognathas).

       Quais são as vantagens que os insetos apresentam em ter essas peças bucais externas? Pensem nas maneiras com que os insetos obtêm seu alimento. Alguns são mastigadores, outros são sugadores de seiva\néctar e tem até os picadores que se alimentam de sangue. Pois é, essa diversidade trófica que chamamos de guilda alimentar só é possível graças a posição externa das peças bucais. Mas apenas observando com lupas bem de pertinho o aparelho bucal de insetos, como gafanhotos, pernilongos e borboletas, é que os alunos puderam enxergar tanta variedade e relacioná-las aos hábitos alimentares dos insetos.

Esquemas dos aparelhos bucais de insetos utilizados pelos alunos para nortear observação em animais de verdade

       Vocês sabiam que os primeiros insetos nem se quer tinham suas famosas asas? Pode parecer estranho, mas as asas surgiram depois que esse grupo já existia.  Agora que já sabemos que os insetos surgiram antes das asas, vamos conhecer melhor essa estratégia que revolucionou o mundo dos Paleopteras, nome dado aos primeiros grupos de insetos e que tem como representante nos dias de hoje a libélula. Observe uma libélula, repare que seus dois pares de asas não se dobram sobre o tórax. Elas permanecem sempre na mesma posição. Só tem um problema: ocupam um espaço grande, não podem descansar em qualquer galho, precisam de espaço.

       Problema resolvido pelos Neopteras. Sabem quem são? A maioria dos insetos que você conhece: moscas, abelhas, borboletas, besouros, grilo. Eles fazem o que as libélulas não fazem. Dobram as asas sobre o tórax, e, com isso, conseguem ocupar pequenos espaços. Asas assim possibilitaram alcançar novas possibilidades, novos nichos e o resultado disso é a diversidade de tamanho e forma que identificamos nos insetos atualmente. Como exemplo podemos citar as borboletas com escamas nas asas, as moscas com o primeiro par modificado em balancins (estabilizador do vôo), as abelhas com o primeiro par menor que o segundo par e os besouros com os élitros, que são asas enrijecidas.

A diversidade das asas e suas nervuras

       E as nervuras das asas, também podem variar? Para perceber todos esses detalhes os alunos puderam observar asas de diferentes insetos usando lupas e material biológico da coleção entomológica do Museu e Laboratório de Ensino de Ciências (MuLEC) da Casa da Ciência.

Alunos participam das atividades propostas pela equipe da Casa da Ciência

 

       Como podemos identificar um inseto? Já demos algumas pistas aqui, e também mostramos nas oficinas critérios para conhecer melhor esse grupo: como quantidade de pernas, asas, antenas e divisão do corpo em diferentes partes. Mas talvez a pergunta mais complicada seja “Como vivem os insetos? Para responder a essa questão é importante uma discussão sobre seus ciclos de vida.

Atividade para identicação e diferenciação dos artrópodes, os esquemas ajudavam na observação de espécimes biológicos

       É comum reconhecermos em nosso cotidiano casulos de borboletas, colmeias de abelhas, ninhos de formiga, ninhos de marimbondo. Isso faz parte da infância e do ciclo de vida de milhares de espécies de insetos. Sabem qual é o nome que os cientistas dão aos insetos que tem esses estágios de vida diferentes? Desenvolvimento Holómetábolo ou metamorfose completa. Mas se existe a metamorfose completa, existe a incompleta, concordam? São as libélulas, gafanhotos, grilos, baratas. Mas qual é a diferença? Considerem os estágios de ovo, larva e pupa das abelhas, que ocorrem dentro de um ninho protegido e com alimento, e o estágio de ninfa das libélulas que ocorre livre em ambiente aquático, sujeito aos predadores que precisam procurar seu alimento. Mas qual estágio de vida de um inseto é mais longo, larva, ninfa ou adulto?

Ciclos de vida da Libélula (hemimetábolo) e das abelhas (holometábolo)

       E foi assim, como na ciência, com mais perguntas do que respostas, e com um olhar mais acurado e investigativo sobre os insetos que os alunos puderam abrir os olhos para um novo mundo, que apesar de pequeno é grandioso em complexidade. Quer aprender com nossos alunos sobre os insetos? Veja os tweets que eles criaram (texto espaço do aluno) a partir dessa oficina, que também tratou sobre a diversidade de insetos que existem nas nossas residências (texto Ciência em Foco).

 

Texto: Ricardo M. Couto e Caio M.C.A. de Oliveira

Revisão: Marisa Barbieri

Imagem de capa: https://nypost.com/2017/07/30/how-playing-with-bugs-could-save-the-world/