No início deste século, o Hemocentro de Ribeirão Preto criou a Casa da Ciência e abriu espaços para alunos e professores de escolas básicas frequentarem seus programas educacionais.

Com inabalada persistência, a Casa, que foi considerada, na época, inusitada e corajosa, cuidadosamente acolheu e criou a rotina de recebê-los frequentemente com carinho assegurado. Desde o início, os alunos participam dos programas regulares em grupos – os maiores, organizados por professores de escolas municipais que conseguem transporte para vir até o Hemocentro – mas também se reúnem em grupos menores e até mesmo sozinhos, incentivados pelos pais, professores e amigos, ou por iniciativa própria.

Desde 2005, já passaram mais de 2.500 alunos pelo programa Adote um Cientista, que consiste em encontros semanais com pesquisadores convidados. Considerando que cada aluno participa semanalmente, por um ano ou mais, quantas vezes passaram pela portaria do Hemocentro e tiveram acesso aos seus espaços? Com que benefício?

Através de depoimentos espontâneos e também solicitados, os envolvidos, em sua maioria ex-alunos, afirmam “ter mudado a vida”, terem “aprendido a estudar”, e também que passaram “a valorizar a escola e os professores”.

É importante dizer que os programas conta com a participação de pesquisadores, entre eles os pós-graduandos, que ministram palestras no Adote um Cientista e, no programa Pequeno Cientista (iniciado em 2012) orientam grupos de 5 a 6 alunos (às vezes com mais de 12, a maioria de escola pública) em projetos de investigação científica.

Entre as evidências, há fortes indícios de benefícios para a formação do próprio pesquisador, tendo oportunidade de orientar grupos de jovens durante o curto tempo de 10 encontros semanais de pouco mais de uma hora. Os orientadores são desafiados a decidir e planejar para orientar/ensinar em um programa que se assemelha à iniciação científica. Registram o processo e analisam dados que permitem avaliar e apresentar resultados no Mural, evento que marca o encerramento do semestre de atividades do Pequeno. Assim, antecipam tarefas que vão assumir em sua vida profissional.

Com o Pequeno Cientista, merece destaque o aumento gradativo de grupos, cujos encontros são realizados nos locais de trabalho dos pós-graduandos, geralmente laboratórios; os alunos são bem recebidos e os ambientes são favoráveis a aprender mais em pouco mais de uma hora; este alcance tem fortalecido as parcerias – essenciais no Pequeno – e evidenciado que o programa tem chances de ser ampliado.

A proposta atual é insistir na divulgação dos resultados, já incluída, mas ainda com pouco espaço na rotina dos participantes. E qual é o custo financeiro deste projeto, considerado o seu sucesso? Precisaria ser estimado, mas não deve ser muito alto, pois está incluído em espaços com previsões e gastos já existentes. Neste primeiro semestre de 2016, o Pequeno cientista tem 17 grupos, orientados por pós-graduandos em diferentes instituições e locais. Seus resultados devem precisam ser divulgados.

 

escrito por Marisa Barbieri

revisão por Vinicius Anelli