O programa Férias com Ciência completou sua 10ª edição nos dias 19, 20 e 21 de julho. Em 2016, nomeado o Ano Internacional das Leguminosas pela ONU, a Casa da Ciência propôs que o tema central do Férias fosse a botânica – assunto tão importante, porém tão pouco discutido – seja no dia a dia ou mesmo nos meios regulares de ensino. 

Foram três dias de atividades práticas, elaboradas e dinâmicas, com cerca de 40 alunos, proporcionadas pelo docente da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Prof. Dr. Milton Groppo, Jr. O Prof. Milton é coordenador do Laboratório de Sistemática de Plantas, do Departamento de Biologia da faculdade, e trabalha na classificação e sistematização de determinadas famílias vegetais, fundamentadas nas relações de parentesco.


No início do primeiro dia foi apresentado aos IMG_3850 alunos um panorama do que seria abordado ao longo de todas as atividades,  incluindo a diferenciação entre legumes e leguminosas. Os, popularmente chamados, “legumes” são plantas geralmente consumidas na alimentação que variam quanto ao órgão de origem da flor. Não há uma classificação botânica para tal nomenclatura, já as “leguminosas” compõem uma das maiores famílias botânicas de organismos, e apresentam como principal característica os frutos em forma de vagem ou fava. A abordagem do professor ao utilizar imagens de legumes, frutas e verduras para questionar os alunos sobre o que são as leguminosas evidenciou a confusão feita por muitos, que associaram a família com o termo popular. Assim a discussão se estendeu e foi possível corrigir alguns pensamentos errôneos cultivados pelos alunos quanto à classificação de frutas (termo popular), frutos (termo botânico), legumes, leguminosas e verduras. 

 Outro assunto abordado pelo Professor foi a desconstrução do pensamento antropocêntrico de que as plantas e os vegetais estão presentes em nosso cotidiano apenas porque as cultivamos para fins específicos (decoração, fármacos, construções, cosméticos IMG_3874 e etc), como afirmaram os alunos. Elas compõem um extenso e complexo sistema ecológico onde ocupam a base das cadeias alimentar e energética (nível dos produtores) de forma a proporcionar toda estabilidade ao ecossistema. 

 Ainda no primeiro dia os alunos dividiram-se em duplas para coletarem folhas pelos espaços externos do Museu e Laboratório de Ensino de Ciências (MuLec), local onde a abertura e a recepção dos alunos foram realizadas. Após a coleta visitaram o herbário, mantido pelo Laboratório de Sistemática, e reproduziram a técnica de prensagem utilizada na produção de exsicatas para a conservação dos materiais do herbário, sendo estes catalogados e arquivados para futuras pesquisas.   

A prensagem dos organismos consiste em submetê-los à uma pressão entre folhas de jornal e pedaços de papelão. O papelão oferece suporte para as amostras, mas e o jornal? Ao serem questionados os alunos responderam corretamente que a função do jornal na herborização (técnica de prensagem e preparo dos materiais) seria a de absorver a umidade do material, a fim de conservá-lo por mais tempo. Após a prensagem o espécime é identificado e inserido no herbário.  

Desta forma herbários podem ser relacionados às bibliotecas, que possuem em seu acervo  IMG_3896 diversos exemplares únicos ou não para fins de consulta posterior, conservando espécimes que podem estar em extinção na natureza. 

Os alunos também tiveram a oportunidade de conhecer o Viveiro de Mudas, mantido pelo  Laboratório de Sistemática, e observaram diversos tipos vegetais respondendo aos questionamentos da equipe da Casa. Tiraram dúvidas sobre a anatomia e função de plantas aquáticas e xerófitas, e observaram diferentes tipos de flores polinizadas por diversos animais, observação essa que seria muito importante para o segundo dia de atividades. 

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Texto de Bárbara Benati

Revisão de Marisa Barbieri e Vinicius Anelli