O aluno monitor é um desdobramento do trabalho feito na Casa da Ciência. Junto ao importante e necessário conteúdo, a disposição do aluno explicar o que aprende está no movimento de construção do seu saber. Com o tempo, esse movimento passa a ser rotina, já que o valor dado ao aluno e ao que sabe é reforçado na assertiva da necessidade em se manifestar e compartilhar, ajudando assim a organizar seu conhecimento. Todos conseguem e precisam fazê-lo, inicialmente timidamente, e depois em público espontaneamente.

A equipe reforça estas questões estando a postos para ouví-los, encorajá-los a perguntar, questionando-os sobre relações conceituais. E assim, ficam bons e querem contar aos outros, querem ensinar. Quanto mais se sabe, mais se percebe o quanto falta a saber e assim humildemente ensinam felizes. Sim, o prazer está estampado nos rostos enquanto explicam seus assuntos no Mural, evento ocorrido ao final do semestre.

Percebe-se o grande envolvimento dos alunos tanto nas atividades junto aos pesquisadores e equipe, às quintas-feiras, como na escola, na sala de aula. Os alunos, quando envolvidos com a aprendizagem, questionam o conteúdo em conversa com pesquisadores, com a equipe e a si mesmo enquanto estudam (segundo eles). Também buscam o saber em outras fontes tornando-se estudantes autônomos. Como aqui a preocupação não é apenas passar conteúdo, mas sim com o conteúdo aprender a pensar e a relacionar. Os alunos passam a sentir-se ativos, capazes de ajudar os amigos e parentes a compreender conceitos científicos, inclusive na escola, quando seus professores permitem.

Daiane conta que na escola os amigos pediam ajuda em época de prova, principalmente se o assunto fosse na área de biologia. Também auxiliava a professora nas aulas ajudando em explicações, e até mesmo prolongando a aula da mestra para explicar alguns assuntos.

“Eles (colegas de sala) ficam em volta de mim, pedindo para que eu explique as dúvidas deles…” (Daiane, 2006)

“A professora tenta explicar algumas coisas, mas acontece que os alunos não entendem, então eu ajudo na explicação. A professora também pede para que eu dê aulas aos alunos sobre temas, como por exemplo, na semana que vem falarei sobre Imunologia” (Daiane, 2006)

Imunologia foi um grupo formado no projeto “Adote um Cientista” em 2005, ao qual Daiane participou. Era aluna da escola Estadual “Dom Romeu Alberti” e demonstrava interesse em trazer seus colegas de classe e fazia ponte entre a Casa da Ciência e alguns amigos tentando organizar os seus horários e interesses nos assuntos dos grupos. Hoje, Daianne é doutoranda em Oncologia Clínica, Células-Tronco e Terapia Celular da Faculdade de Medicina.

Sua professora, parceira desde 2001, quando fez o curso para professores aqui na Casa, se mostrava diferente. A favor do aprendizado de seus alunos, trazia alunos em seu carro para a Casa da Ciência. Não competia com eles e incentivava para aprenderem mais. Assim, os permitia criar, aprender e ensinar.

Texto: Flavia Fulukava Prado

Edição: Gabriela Zauith