Alunos do Pequeno Cientista mostraram ao público o que aprenderam em 10 semanas de estudos com seus orientadores. O 28ª Mural foi realizado no IEA (Instituto de Estudos Avançados), na última quinta (28).  Os grupos1 se apresentaram ao público acompanhados por avaliadores, como num congresso científico. Nesse semestre, os temas foram animais peçonhentos e venenosos, doença de Parkinson, células mesenquimais, o enigma da célula, DNA, neurociência, biotecnologia, fungos, toxicologia e zebrafish, geologia e a água com um bem público.

Para Caio M.C.A. de Oliveira, o biólogo da Casa da Ciência, no Mural “percebem sua relação com o conhecimento daquele semestre. É um momento de avaliação e do trabalho em grupo, que irão interagir e passar o que desenvolveram”. “Nos grupos que passei estavam com um alto nível de conhecimento, falaram em conceitos complexos como biologia molecular, expressão gênica, fator de crescimento”, afirmou Ricardo Couto, biólogo e professor, da Casa da Ciência.

“Foi um Mural temático, com conceitos mais profundos. Existiu uma intenção clara de contar o que sabe, ouvir e tentar responder as perguntas com interesse em aprender. Estavam todos focados nos temas, que se relacionavam”, afirmou Marisa Ramos Barbieri, coordenadora da Casa da Ciência.

Avaliação e divulgação científica

O evento é aberto a pais e professores, que puderam acompanhar a evolução dos alunos. “Achei bem interessante, em casa aprendemos todos os tipos de pedras e rochas. As crianças participam bastante e sabem do que estão falando. Perguntamos e eles sabem responder, é um incentivo muito bom. Eles claramente gostam do que estão fazendo”, afirma Shirley Santana Barbosa, mãe de João Wellington, aluno de Cravinhos.

Há dois anos na Casa da Ciência, João está em seu quinto Mural. “O Pequeno Cientista traz mais curiosidade, ensina matéria nova, como a área da geologia- que eu achava que era geografia-, e a paleontologia era fora do assunto da escola. Revi algumas coisas que já tinha visto na escola, como o movimento das placas tectônicas, e a diferença entre os tipos de rochas, as ígneas e sedimentares. Foi muito interessante pois nunca tinha estudado as rochas metamórficas, o sistema do aquífera guarani e sua formação”.

Um destaque foi a utilização de diversos materiais e propostas de apresentação. “Houve um crescimento muito grande nas apresentações, de cartazes simples fizeram algo mais elaborado, como os cartazes que rolavam as imagens, simulando uma televisão. Também usaram massinha para mostrar os neurônios”, disse Roberta Monteiro, professora que acompanha os alunos de Luiz Antônio.

“Aprendi sobre a importância da seleção sexual. O objetivo foi passar essa informação para o público de maneira mais fácil e acessível. Percebemos o quanto a divulgação científica é importante, pois [a Casa da Ciência] divulga várias coisas com as palestras [do Adote um Cientista]. Percebemos como isso pode ajudar a sociedade”, explicou Natasha Santos, do grupo “Luz, câmera, ciência”.

Na visão do orientador

Uma das orientadoras do grupo “Zebrafish como método alternativo de experimentação animal na toxicologia, Taís Suelen, afirma que o Mural é uma possibilidade de ver como os alunos aprendem nos outros grupos e também tirar ideias para um próximo projeto. “Minha preocupação é se esse projeto está influenciando em suas escolhas futuras, seja num emprego ou faculdade. Durante nossas avaliações vi que eles já começam a usar termos científicos. A visão deles começa a ficar bem ampla com relação à toxicologia, fazendo a ligação do projeto com o dia a dia deles”.

“Percebemos no início dificuldades em conceitos iniciais em célula, isso fez com que mudássemos nossa programação para reforçar o básico. Próximo ao pré-mural conseguimos chegar ao nosso objetivo: célula-tronco e mesenquimais, e percebemos uma troca de informações e textos”, afirma Juliana, uma das orientadoras do grupo “Mesenquimais em ação”.

O grupo de geologia abordou o tesouro que existe sob nossos pés. “Meu objetivo como orientador é que tivessem uma experiência sensorial, mais prática. Usassem materiais do seu cotidiano com um olhar mais científico. Propus que fizessem uma reflexão mais crítica sobre o problema da água. Para isso estudamos metais e minérios, e deixamos a pergunta: ‘tudo isso é mais importante do que a água?’. Ao longo dos encontros ficou claro que a água é um elemento essencial, um bem mineral passível de regularização e uso. Para isso usamos o conceito de outorga, que vê a água como um bem universal e público”, afirmou Celso Graminha, geólogo e orientador do grupo.  

Texto: Gabriella Zauith


1Este ano foram 11 grupos do Pequeno Cientista, orientados por 28 pesquisadores e pós-graduandos. Durante o Mural, participaram 11 avaliadores, pós-graduandos do Campus da USP (RP).