É provável que você esteja acostumado a comer bananas, e que já tenha ouvido diversas informações sobre seus benefícios nutricionais, como ser fonte de potássio. Mas será que uma banana, ou a planta que dá origem às bananas – bananeira – é mais curiosa do que isso? Aprender a observar o nosso entorno e coisas aparentemente simples que fazem parte do nosso cotidiano com um olhar de pesquisador é uma proposta permanente que a Casa da Ciência faz a todos. Podemos afirmar que existe muito saber a ser descoberto e muita complexidade em coisas que você pode nunca ter parado para pensar. Mas por que estamos falando de bananas e bananeiras? Na parte posterior do MuLEC (Museu e Laboratório de Ensino de Ciências), um dos espaços de atividades da Casa, existe uma bananeira que nos convidou a perguntar mais sobre essa planta (Figura 1), escrever esse texto e fazer um convite para vocês.

Figura 1: Bananeira no fundo do MuLEC, seu cacho de bananas e flor (coração).

Afinal, como será que surgiram as diversas variedades dessa fruta apreciada pelo homem a partir de espécies da família Musaceae (Figura 2)? E como hoje são encontradas facilmente para compra e consumo no mundo todo, sendo que foi a partir de ancestrais bem menos “comestíveis” nativos do sudeste da Ásia (região da Malásia, Indonésia e Filipinas) que elas se originaram? Alguns estudos sugerem que plantamos bananas há pelo menos 10.000 anos. Na verdade, a banana é resultado da seleção artificial e quando as encontramos nas prateleiras dos supermercados, compramos um alimento que foi intensamente manipulado pelo homem. Mas como eram as primeiras bananas? A banana em seu estado natural é bem menor e menos saborosa em relação a que conhecemos. E tem sementes!

Figura 2: Algumas variedades de bananas comuns de ser encontradas em supermercados. Você sabia que o nome banana nanica não é devido ao tamanho das bananas (que são grandes inclusive) e sim ao tamanho de seu pé, que é menor? (Modificado de https://www.123rf.com)

Uma banana é muito mais do que uma fonte de potássio não é mesmo? Repare um pouco melhor da próxima vez que você estiver diante de uma bananeira, você consegue identificar as estruturas dessa planta (Figura 3)? Já ouviu falar da flor da bananeira ou “coração”? Uma curiosidade que vamos antecipar é que a fruta banana não é um fruto verdadeiro. Ou seja, devido às bananas se originarem de diversos tecidos adjacentes ao ovário, e não unicamente dessa estrutura a partir de sua fecundação e desenvolvimento, a banana é do ponto de vista botânico um pseudofruto! Aqueles “pontinhos” existentes que vemos no centro das bananas enquanto comemos elas não são sementes, e sim ovários não fecundados incapazes de exercerem sua função devido à seleção artificial intensa. Mas como uma banana pode formar um “fruto” sem fecundação prévia? Outra curiosidade que vamos adiantar é que as bananas podem se reproduzir assexuadamente, isto é, sem ocorrer fecundação, no caso a partir de seu rizoma (caule subterrâneo) que desenvolvem vegetativamente em novos indivíduos.

Figura 3: Esquema simplificado da morfologia vegetal de uma bananeira generalizada. O caule verdadeiro é subterrâneo (rizoma), enquanto o pseudocaule é formado por bainhas das folhas sobrepostas. (Modificado de http://www.istockphoto.com)

Curioso, não? Mais perguntas do que respostas? Relaxa, a ciência é assim mesmo. Incentivamos vocês a procurarem respostas a tantas perguntas que podemos fazer a partir de eventos, objetos ou no caso plantas tão cotidianas para nós. E também convidamos vocês a visitarem o MuLEC, onde durante atividades podemos tratar melhor sobre esse e outros temas. Por fim, estendemos o convite para continuar acompanhando nossas postagens aqui no site e redes sociais. Afinal, diferentemente de uma banana que mata nossa fome, o apetite por saber mais definitivamente continua grande depois de tantas perguntas.

 

Texto: Caio M.C.A. de Oliveira

Revisão: Ricardo Couto