Nos dias 29 e 30 de janeiro, a Casa da Ciência organizou um verdadeiro auê nas férias. Isso porque nesses dois dias o Férias com Ciência chegou à sua oitava edição em grande estilo. Somando forças com outro programa da Casa, o Adote uma Experiência, os 82 participantes dos dois dias dessa edição puderam colocar a mão na massa em quatro blocos de bancadas experimentais e trabalhar conceitos importantes das aulas de ciências montando vários experimentos clássicos.
A abertura do evento, no MuLEC, foi feita pela Profa. Marisa Ramos Barbieri, coordenadora da Casa, que, dentre outras coisas, ressaltou a importância da experimentação e da observação para a ciência. Em seguida, o biólogo Fernando Rossi Trigo dividiu os participantes em seis grupos e explicou como seria a dinâmica das atividades.
Os alunos tiveram, em grupo, que seguir as instruções a partir dos roteiros práticos para executar o procedimento corretamente e, após observar os resultados, tomar nota e responder a um estudo dirigido, tudo com a ajuda dos monitores da Casa.
Elo de Água e Fermentação foram dois experimentos do primeiro dia feitos com materiais de fácil acesso e que permitiram que os alunos discutissem conceitos de transformação de energia – seja na fotossíntese, ao observar uma planta aquática, seja na fermentação feita por leveduras do fermento de padaria. Dentre os tópicos trabalhados pelos alunos, previstos no roteiro de observação, estava uma importante reflexão: Planta realiza fermentação?
Outro bloco desse dia trouxe mais dois experimentos, Os Gênios da Água e a Catalase e Abalando as Estruturas, que discutiam a função e a forma de proteínas. Abalando as Estruturas, que envolve a desnaturação da albumina do ovo por fogo e por substâncias químicas como o vinagre, foi um dos experimentos que mais despertou o interesse dos presentes e levou-os a relacionar conceitos da biologia, química e física com atividades cotidianas, entendendo o que acontece ao se fritar um ovo.
Já no segundo dia, os participantes puderam replicar mais três experimentos: Batata Chorona, Momentos de Tensão e Onde Está a Partícula?. Foram trabalhados conceitos como osmose, movimento browniano e tensão superficial da água. Além disso, os grupos puderam perceber algumas questões importantes para o procedimento experimental: por exemplo, um dos grupos teve grande dificuldade em replicar corretamente o experimento Momentos de Tensão por não se organizar de forma a fornecer condições experimentais favoráveis – somente quando seguiram o protocolo com bastante cuidado e prezando a ordem da bancada, eles puderam observar os resultados esperados.
Esses experimentos fizeram os alunos arregaçar as mangas e trabalhar procedimentos que não se limitam à vida no laboratório. Eles puderam pipetar, separar substâncias, medir quantidades determinadas de alguns materiais e aprender a seguir um protocolo experimental. Atividades simples, como quebrar um ovo ou separar uma colher de chá de açúcar, mas que causavam muitas vezes certo receio e estranheza. Tudo isso, sempre incitando a curiosidade a partir da observação e fazendo relações entre o que se vê na prática e o que se estuda na teoria.
A equipe da Casa da Ciência, que acompanhou todas as atividades de perto, notou e registrou alguns momentos interessantes do evento. Durante o experimento Abalando as Estruturas, um aluno levantou a pergunta “se a desnaturação de proteínas é igual à mudança de estado físico da água”. Para o experimento Fermentação, embora familiarizados com o termo, os participantes evidenciaram suas dificuldades em conceituá-lo. Já o experimento Batata Chorona trouxe resultados discrepantes: para um dos grupos, a batata com açúcar liberou mais água, enquanto para os outros, foi a batata com sal. Uma discussão guiada pelo biólogo da Casa, Fernando Rossi, fez com que os alunos notassem que, embora se esperasse que a batata com sal liberasse mais água, diversas variáveis poderiam influenciar nesse resultado: o tempo de observação, a quantidade ministrada, além da própria composição de cada tubérculo, provocando uma reflexão interessante sobre formulação de hipótese, execução e replicação de experimentos.
Os participantes puderam visualizar, também, cloroplastos e leveduras em microscópio, entender a morfologia do ovo da galinha, além de associar diferentes e complexos conceitos entre si. Embora a maioria pertencesse ao 8º e 9º anos, o evento recebeu desde pequenos curiosos, já aos 6 anos de idade, acompanhados de suas mães, até alunos recém-aprovados em cursos superiores de importantes universidades públicas, totalizando 40 participantes no primeiro dia e 42 no segundo. O interesse, a concentração e a curiosidade foram despertados independente da idade. Na oitava edição do evento, um verdadeiro auê que divertiu, instigou e ensinou muito, mesmo em época de férias!
Texto: Vinicius Anelli