O naturalista Charles Darwin fez uma viagem que durou quatro anos e nove meses como objetivo de mapear a costa da América do Sul. Ele não foi convidado para procurar e coletar os materiais, mas sim para fazer companhia ao capitão da embarcação, que buscava uma pessoa com quem pudesse conversar durante a viagem. O navio utilizado tinha o nome de HMS Beagle, em referência à raça de cães.
A rota do Beagle começou na Inglaterra no dia 10 de fevereiro de 1831 e teve cerca de 20 paradas. Passou pelo Brasil – em Salvador e Rio de Janeiro -, depois foi para o Uruguai, Montevidéu, Argentina, Patagônia no Chile e Ilha Galápagos, que pertence ao Equador. Em seguida foi para o Taiti, passou pela Nova Zelândia, Austrália e África. Depois desse percurso, ele retornou à Bahia e seguiu para a Inglaterra. Nessa jornada Darwin viu que há muita diversidade de meio ambiente e que cada lugar tem suas características, tanto na vegetação, quanto na fauna e flora.
 
 
 
 
Quando o navio chegou ao Rio de Janeiro, o naturalista oficial não quis mais seguir viagem, então Darwin, com apenas 22 anos, assumiu o cargo. Como isso, ele pode coletar amostras, pesquisar e conversar com as pessoas nativas para obter todas as informações sobre os locais que passava. Durante a viagem Darwin conseguiu coletar 1.529 espécies fósseis, 3.907 espécimes preservados e um diário de 770 páginas no qual registrava tudo que observava.
 
À medida que coletava materiais, o naturalista já enviava à Inglaterra para seus amigos pesquisadores realizarem a identificação. Se encontrava um mamífero, mostrava para um especialista da área, se fosse uma planta enviava a outro.
 
Três observações constituem o ponto de partida para Darwin começar a pensar na Teoria da Evolução: fósseis encontrados na Patagônia, a distribuição geográfica da Ema e a diversidade da vida animal no Arquipélago de Galápagos. Até então, acreditava-se que as espécies eram imutáveis, mas, depois de concluir a viagem, Darwin começou a crer que as espécies mudavam com o passar do tempo. Ele observou que às vezes era possível encontrar uma concha do mar no alto de uma montanha. Então, provavelmente, aquele local teria sido mar em alguma época remota. Para ele, a Terra não foi sempre igual, pois acreditava que ela sofria modificações com o passar do tempo e com isso algumas espécies poderiam de se adaptar a esses novos ambientes e dar origem a uma nova espécie.
 
Fato curioso
 
Darwin visitou na Patagônia o sítio arqueológico de Ponta Alta, um lugar apropriado para a fossilização, onde encontrou o fóssil de uma preguiça. Alguns anos atrás, outro cientista havia encontrado um fóssil deste animal, evidenciando que a Terra já tinha sido habitada por animais que já estavam extintos. Nesta região, ele também conheceu uma espécie diferente, a ema (Rhea americana), ave ternária de grande porte que não voa.
Quando a embarcação atracava, a tripulação saía para caçar animais, como a ema. Conversando com os nativos, Darwin descobriu que naquela região tinha outra ave parecida com esta, mas um pouco menor. Eles acreditavam que esse animal era a Rhea americana mais jovem. A ave foi servida na ceia de natal e quando Darwin comeu e observou os ossos, percebeu que tinha algo diferente. Então, ele recolheu os ossos e pediu ao cozinheiro as penas que havia retirado da ave. No retorno à Inglaterra, descobriu que o animal era outra espécie muito semelhante à ema. A nova espécie recebeu o nome de Rhea darwinii.
 
Caminho da Descoberta 
 
Em 1838, dois anos depois do fim da viagem, Darwin leu um ensaio do matemático Thomas Malhus que falava da tendência da humanidade em crescer em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos aumenta em progressão aritmética, ou seja, em algum momento teria mais gente que comida. A dúvida de Darwin  foi: o que mantinha o equilíbrio estável de uma população? Então observou que nas populações existe competição – pelo ambiente, alimento, abrigo e uma série de outras coisas – e o indivíduo que apresenta variação vantajosa sobrevive e se reproduz, já aquele que não apresenta as características necessárias a própria natureza extingue. Foi assim que surgiu o conceito de seleção natural.
 
Em 1859, Darwin escreveu o livro “A Origem das espécies”, em que explica como chegou àTeoria da Evolução. Cada local que poderia servir de exemplo foi detalhado no livro para evitar contestação. Quando foi lançado, em poucas horas todos os exemplares se esgotaram. 
 

 
 
  
Primeira edição do livro “A Origem das Espécies” 
 
Clarice: “Uma das características de um bom pesquisador é ser minucioso, detalhista, observador, registrar tudo. Uma coisa que, no momento, pode parecer insignificante, no futuro poderá ser importante e até mesmo resolver algum problema. Darwin desde pequeno gostava de colecionar as coisas, observar e registrar tudo”.  
 
Aluno: “Alguma obra dele, como livro, está em algum museu?
Clarisse: “O original está no museu em Londres, porque já existem várias edições. Lá tem todos os livros dele, uns sete ou oito, sobre besouros, plantas, minhoca, entre outros. Eles ficam todos na biblioteca do museu”.
 
Aluno: “Teve alguma situação polêmica que fez com que ele pensasse em parar com a pesquisa?
Clarisse: “Depois que ele fez o ensaio, ficou certo tempo fazendo outras coisas. Mas esse tema podia causar muita polêmica, muito impacto, não só no mundo científico, mas na sociedade de modo geral”.
 
Este texto tem como objetivo reportar a interação entre alunos e pesquisador e os conceitos tratados durante os encontros do programa “Adote um Cientista”. A professora Clarice Harumi Sakamoto, doutora em genética, falou aos alunos do Adote um Cientista sobre a história de Charles Darwin, responsável pela Teoria da Evolução