O palestrante do dia 6 de junho foi o pesquisador Fernando E. Padovan Neto, velho conhecido da Casa da Ciência e especialista na doença de Parkinson, que desta vez surpreendeu a todos no Adote, com uma palestra sobre a esquizofrenia, tema complexo que considera não apenas a predisposição genética, mas também os fatores ambientais como o estresse e a maconha.
Segundo o pesquisador, algumas definições são importantes para se compreender melhor a esquizofrenia, como:
- Delírio
- Alucinação
- Ilusão
Vocês sabem a diferença entre eles?
Delírios e alucinações estão incluídos entre os sintomas positivos da esquizofrenia. Na verdade, a realidade foge da pessoa, o que caracteriza a psicose. Vale lembrar que existem diversos tipos de psicose e, segundo alguns autores, a esquizofrenia é uma das muitas causas da psicose.
Profundo conhecedor das vias dopaminérgicas, o pesquisador relacionou essa fuga da realidade com o excesso de dopamina. Lembram dela?
A dopamina é um neurotransmissor que faz conexões entre neurônios e está presente na via motora que consiste da interação da substancia negra compacta – estriado (caudado-putâmen), também conhecida como via dopaminérgica nigro-estriatal (figura).
Segundo o pesquisador Fernando E. Padovan Neto, há mais vias dopaminérgicas. Entre elas, destaca-se a via que integra a área tegumentar ventral (ATV) até o núcleo accumbens (figura). A hiperatividade dessa via, estaria relacionada com a causa dos delírios e alucinações na esquizofrenia, concluiu Fernando.
Será que existem outras vias?
Sim. Existe também a via que conecta a área tegumuntar ventral (ATV) até o córtex pré frontal. Vamos lembrar que no córtex pré frontal ocorrem os processos cognitivos mais complexos, como o pensamento abstrato onde podemos distinguir o bem do mal, onde podemos avaliar o nosso ambiente e até mesmo estabelecer um controle sobre o nosso próprio pensamento.
E para aqueles que reclamam que os filhos adolescentes não entendem “certas coisas”, fica uma dica: o desenvolvimento do córtex pré-frontal não está completo até os 20 ou 25 anos.
Segundo o pesquisador, a questão é que na esquizofrenia, a atividade dessa outra via que chega ao córtex está diminuída (carência de dopamina) e as consequências disso são os efeitos negativos da doença, que se caracteriza por redução na expressão das emoções, pobreza no conteúdo da fala, falta de motivação, de interesse e incapacidade de experimentar o prazer.
No momento das perguntas, uma estudante questionou se alguém já nasce com esquizofrenia. Quer saber a resposta do pesquisador Fernando, assista a palestra na nossa página do YouTube.
Autor: Ricardo Marques Couto
Revisão: Fernando E. Padovan Neto e Marisa Ramos Barbieri
Fontes da imagens:
Delírio: Clínica Bottura
Alucinação: Fatos Desconhecidos
Ilusão: Lucas de Jesus Lima
Vias Dopaminérgicas: O Neurotransmissor
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