No encontro do dia 26 de março de 2015, Adilson e Darlete Machado, representantes da ZOOM Ribeirão Preto (veja mais sobre a empresa no site oficial), falaram para os alunos do programa um pouco mais sobre tecnologias e qual sua relação com a educação. Em uma palestra dinâmica, pautada nos mais recentes avanços tecnológicos do mundo, os alunos puderam perceber que, nos dias de hoje, manter-se atualizado é uma exigência cada vez maior – não só para os jovens, mas também para profissionais em qualquer área de atuação: inclusive, e principalmente, os professores!

26Adilson iniciou sua fala apontando que os jovens crescem imersos em um meio tecnológico, destacando, inclusive, que é muito comum um pai apontar que seu filho consegue ser muito mais bem sucedido ao tentar manusear um aparelho eletrônico novo do que ele próprio. Isso porque esse tipo de tecnologia está se tornando cada vez mais corriqueira e, crescendo nesse cotidiano, é mais fácil para a criança conseguir uma familiaridade maior com computadores, tablets e outros aparelhos modernos. Nesse sentido, surge uma demanda ainda mais intensa para que o professor também se mantenha atualizado – uma tarefa que, muitas vezes, pode ser bastante difícil dada a rapidez com que inovações surgem no mundo. Para Adilson, cabe à escola garantir que educação e tecnologia caminhem juntos. Ele explicou que educação tecnológica, nesse sentido, é preparar o aluno para resolver situações e problemas a partir das tecnologias que dispõe.

Mas, afinal, o que é tecnologia?

Darlete e Adilson passaram a palavra, então, para os alunos. “Nós estamos falando de educação tecnológica e de tecnologias. Mas, afinal, o que é tecnologia?”. Juntos, palestrantes e alunos construíram esse conceito.

Adilson: E então, o que é tecnologia?
Aluno 1: Máquinas.
Adilson: Máquinas? Alguém teria algum outro palpite?
Aluno 2: A tecnologia é o que o homem desenvolve para deixar a sua vida mais fácil… usando máquinas.
Adilson: Muito bom. Acho que estamos chegando bem perto!
Aluno 3: Inovação tecnológica desenvolvida em laboratório.
Darlete: Legal. Mais alguém?
Aluno 4: São ferramentas que são desenvolvidas para se realizar uma tarefa.
Aluno 5: Tecnologia é uma coisa nova.
(…)
Adilson: Vocês trouxeram definições muito interessantes. Mas eu pergunto para vocês… essa folha de papel que está em minha mão, é uma tecnologia?

Após os alunos afirmarem que sim, uma folha de papel em branco também seria uma tecnologia, Adilson prosseguiu explicando que a definição do Aluno 2, de que “tecnologia é o que o homem desenvolve para facilitar sua vida” é bastante certeira, uma vez que a parte das máquinas seja deixada de lado. Embora seja bastante comum se associar desenvolvimento tecnológico com máquinas e aparelhos eletrônicos, nós muitas vezes nos esquecemos de que até mesmo uma simples folha de papel em branco já representou uma revolução tecnológica um dia. “Um exemplo muito bacana é o do copo. O copo é um objeto corriqueiro e no qual prestamos pouca atenção. Mas pense na vida antes de existir o copo: você tem que ir até o rio para beber água, e se quiser trazê-la ou armazená-la, não tem como. Até surgir o copo”, disse ele. Outros exemplos, como a porta ou até mesmo a descoberta do fogo, serviram para ilustrar que tecnologia não se limita a máquinas e eletrônicos, mas é tudo aquilo que vem aumenta a qualidade da vida do ser humano.

Em um momento bastante descontraído, Darlete perguntou aos alunos se eles saberiam dizer quais foram as quatro maçãs que mudaram o mundo. Ela se referia a quatro eventos na nossa história que trouxeram grandes mudanças para a humanidade. No caso, a primeira das maçãs foi o fruto proibido do jardim do Éden – uma maçã metafórica que foi vital para o desenvolvimento das religiões, da moral e da ética. A maçã seguinte foi a de Isaac Newton, aquela cuja queda é atribuída à descoberta da gravidade – representando as revoluções científicas de séculos passados. A terceira maçã, a única que os alunos não souberam dizer, refere-se à maça do álbum dos Beatles, banda do século XX que revolucionou o cenário musical (e cultural) do mundo. Por último, a maçã de Steve Jobs, que revolucionou o mundo da comunicação, além do mundo virtual – aquele dentro do qual passamos, inevitavelmente, várias horas dos nossos dias. Essa brincadeira acabou por ressaltar o momento em que vivemos, no qual grandes avanços tecnológicos têm revolucionado nossa forma de se comunicar, trabalhar, se relacionar e de viver: o momento do mundo conectado, que parece diminuir a cada dia os limites da distância geográfica, tornando-se veloz e dinâmico e, inclusive, introduzindo um novo espaço: o espaço virtual.

 

As dez tecnologias que mudarão o mundo

No início de março, o Fórum Econômico Mundial listou dez inovações que poderão mudar nossas vidas nos próximos anos. Em primeiro lugar, estão os carros movidos a hidrogênio, um veículo que tem sido esperado já há muitos anos, mas que, segundo os especialistas, só agora está próximo de se tornar possível devido aos avanços tecnológicos dos últimos anos. Adilson explicou que essa tecnologia traria mudanças drásticas na economia – uma vez que dispensaria o uso de combustível fóssil, um dos pilares econômicos do mundo. Em segundo lugar, a robótica que cada vez menos se limita às empresas e a tarefas pequenas e parece se integrar mais e mais na sociedade. A impressão em 3D foi outra tecnologia emergente listada. A impressão em 3D revoluciona o sistema de produção atual: “Hoje, nós partimos de um bloco de madeira grande, por exemplo, para criar uma peça de madeira pequena. No caso da manufatura aditiva, nós partiríamos do zero para construir qualquer coisa. Já é realidade, inclusive, impressoras que produzem tecidos biológicos funcionais!”. Adilson chamou atenção para o aluno da Casa, Leonardo Bugory, que construiu em casa uma impressora 3D partindo de tutoriais que encontrou na internet e sem a ajuda de um engenheiro ou especialista, apenas de fóruns online. A tecnologia neuromórfica é outra inovação emergente destacada na lista – no caso, cientistas, ao reconhecer que os mais avançados computadores ainda não atingem o grau de complexidade e de efetividade do cérebro humano, desenvolvem chips neuromórficos que simulam a arquitetura cerebral, aumentando (e muito!) a capacidade do computador de processar informações e reagir a elas. Isso poderá melhorar muito o processamento de dados e, alguns especialista apontam, abrirá caminho para que computadores se tornem cada vez melhores podendo, inclusive, aprender por conta própria. Parece coisa de filme, né?

Nesse clima de ficção científica, os palestrantes mostraram algumas outras tecnologias que já são reais e atuantes, como micro robôs, robôs domésticos, braços robóticos… enfim, são muitas as inovações. Eles mostraram, por exemplo, como a robótica tem facilitado a medicina: braços robóticos já são utilizados em cirurgias – no caso Darlete contou que uma cirurgia cardíaca feita por método convencional é mais invasiva e, por isso mesmo, demanda maior tempo de recuperação, debilitando muito o paciente. Cirurgias cardíacas feitas com braços robóticos são bem menos invasivas e diminuem drasticamente o tempo de recuperação necessário, trazendo grandes melhorias para a qualidade de vida.

Adilson citou, ainda, o caso do pesquisador brasileiro José Nicolelis e o descaso da mídia com a ciência durante o torneio mundial de futebol de 2014, aqui no Brasil. Adilson contou que, para o evento de abertura, um momento grandioso fora planejado, no qual um homem tetraplégico (ou seja, sem movimento algum abaixo do pescoço), vestindo um exoesqueleto desenvolvido por uma equipe de neurocientistas e de engenheiros, daria o chute inicial do torneio. “Mas isso foi tratado com completo descaso pela televisão, que exibiu apenas cinco segundos de um momento que é muito mais grandioso do que um show de abertura com cantores famosos”, comentou ele.

Aprender fazendo, fazer aprendendo
Os palestrantes chamaram à frente, então, um grupo de alunos (parte de um dos programas da empresa) para mostrar um pouco mais do que é feito. Esses alunos tiveram a tarefa de desenvolver, para a Semana do Cérebro (saiba mais aqui), modelos robóticos no intuito de falar sobre neurociência no evento S.O.S. na Praça. Para isso, eles se encontraram com professores e pesquisadores do Departamento de Neurociência da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) que conduziram os alunos de ensino médio através das maravilhas do estudo do cérebro. A partir de kits fornecidos pela própria empresa, os alunos desenvolveram alguns robôs, como o modelo robótico do cérebro que simula a atividade do sistema somatossensorial, responsável por receber um estímulo do ambiente e executar alguma ação motora em resposta. Outro robô desenvolvido pelo grupo simularia um braço que pode ser controlado por um dispositivo posicionado no pescoço da pessoa, simulando um braço mecânico para deficientes físicos.

Os alunos que estavam presentes puderam também colocar a mão na massa e exercitar sua criatividade ao fim do encontro. Foram divididos em grupos e a cada aluno foram dadas duas peças. Em equipe, eles tiveram que montar protótipos de robôs com as peças que tinham, exercitando sua criatividade e o trabalho em conjunto. Nesse momento, o biólogo da equipe da Casa, Fernando Trigo, destacou a relação forma-função durante a construção dos protótipos: assim como em sistemas biológicos, há uma relação direta entre a forma do robô (quais peças são utilizadas, como elas são combinadas, etc.) com a função que se espera que esse robô exerça.

Ao fim, a mensagem que ficou do encontro foi de que a criatividade tem muito espaço no desenvolvimento de novas tecnologias. De fato, em determinado momento, um dos alunos questionou Adilson sobre o desenvolvimento do teletransporte. Adilson explicou que essa não é uma tecnologia muito concreta ainda, mas que não é impossível. Ao fim da palestra, ele afirmou que “a melhor maneira de se ter uma boa ideia é ter muitas”, ressaltando em definitivo a importância da criatividade para o mundo. De fato, não fosse a criatividade, nós provavelmente estaríamos indo até riachos para pegar água com nossas mãos, sem ter onde coloca-la…


 Espaço dos alunos

 A partir da análise das filipetas do encontro, a equipe da Casa da Ciência produziu este infográfico destacando as principais dúvidas manifestadas pelos alunos e os principais conceitos aprendidos no encontro. A finalidade deste instrumento é a avaliação dos momentos de aprendizagem do aluno e valorização da sua dúvida.

  


Texto

Autoria: Vinicius Anelli

Revisão: Profa. Dra. Marisa Ramos Barbieri e Gisele Oliveira

Espaço dos alunos

Análise de filipetas: Luciana Silva

Infográfico: Vinicius Anelli

Diagramação

Vinicius Anelli