Os artrópodes são seres vivos presentes em nosso dia-a-dia e, dentre os que são facilmente encontrados em casa, podemos destacar as formigas, as baratas e os cupins. A Casa da Ciência convidou as pesquisadoras Paula Riccardi e Sarah Oliveira para falar sobre esses animais invertebrados de patas articuladas – característica que deu origem ao nome do grupo. Durante o encontro, realizado no dia 2 de maio, as pesquisadora mostraram diversas curiosidades e também a relevância desses seres para a biodiversidade. Os alunos do Adote um Cientista se encantaram com a presença do exoesqueleto e as inúmeras classes desse filo, que são classificados seguindo alguns critérios, como a divisão do corpo e o número de patas e antenas.

Nas palavras das palestrantes

Os artrópodes são os seres vivos dominantes no planeta e respondem por cerca de 75% de toda a biodiversidade conhecida, incluindo animais e plantas. Alguns grupos são bastante comuns em nosso dia-a-dia e executam funções ecológicas essenciais para a manutenção e harmonia dos ambientes vivos. Esta palestra visa elucidar algumas questões importantes sobre o papel dos artrópodes no nosso cotidiano e também na composição e manutenção dos ecossistemas terrestres.

Paula Raile Riccardi – Mestre em entomologia. 

Sarah Siqueira de Oliveira – Doutora em entomologia.

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP/USP.

 

Sara e Paula trouxeram uma palestra sobre os artrópodes do nosso cotidiano, e falaram como estes animais podem até ser perigosos para a convivência com os humanos. Durante sua apresentação passamos por vários ambientes: a cozinha que foi invadida por formigas, se instalando em nossos eletrônicos; a sala, onde os móveis estão dominados por cupins; a despensa, que pode conter baratas alocadas se alimentando as nossas custas; isso tudo, além de outros artrópodes que nos deparamos em nossa casa e que podem transmitir doenças. As táticas e estratégias de evitar e combater esses animais foram apresentadas, e como destaque podemos falar sobre como evitar construir casas onde esses animais são encontrados, ou, caso eles venham a se instalar posteriormente, atacar direto à “raiz do mal” e procurar extinguir a rainha do ninho, evitando o reestabelecimento da população de insetos. A curiosidade dos alunos despertou uma série de perguntas que buscavam um entendimento maior da coisa toda: será que esta dispersão, abundância, diversidade e colonização de ambientes urbanos e rurais não querem nos dizer algo? E de fato quer dizer algo sim. Nós humanos somos invejosos. Urbanizamos cada vez mais todos os tipos de ambientes e queremos simplesmente que todos os outros animais que ali vivem se mudem e não nos importune (exceto pássaros, pois ainda gostamos de seu canto). Mais do que tudo é a imensidão de áreas desnudadas, transformando florestas em campos para plantações (monoculturas, na quase totalidade), que facilitam a procriação de formigas, e outros insetos, implicando no uso cada vez maior dos defensivos agrícolas.  É verdade, estamos adaptados ao ambiente terrestre, mas será que passamos por tantas mudanças neste ambiente para garantir que estaremos adaptados às próximas mudanças ambientais? Quem pode afirmar isso? O que sabemos é que insetos estão presentes no ambiente terrestre desde antes da conquista protagonizada pelos anfíbios. Ou seja, antes de nós humanos e até mesmo da existência dos mamíferos. Aliás, a evolução para “fora d’água” foi influenciada também pela grande quantidade destes invertebrados, que serviriam como fonte de alimento. O ponto que quero chegar é na reflexão sobre as mudanças ambientais que os insetos passaram e conseguiram superar, desde um ambiente terrestre muito diferente de hoje – num passado remoto – até o crescimento exponencial de uma diversidade de predadores, colonizando cada vez mais os continentes, e que segue até os dias atuais. Será que nós humanos suportamos tantas pressões seletivas quanto os despretensiosos insetos? Será que somos tão versáteis ao ponto de driblar nossos predadores e competir, à mesma altura, por espaço e recursos do ambiente com outros animais, independentemente de quais sejam eles? Uma coisa que sabemos é que a biomassa somente das populações de formigas do planeta Terra é muito superior a nossa. Outra coisa que sabemos é que inveja é um sentimento típico dos seres humanos que desejam algo em outro ser, mas não podem obtê-lo de imediato.


Espaço dos alunos

A partir da análise das filipetas do encontro, a equipe da Casa da Ciência produziu este infográfico destacando as principais dúvidas manifestadas pelos alunos e os principais conceitos aprendidos no encontro. A finalidade deste instrumento é a avaliação dos momentos de aprendizagem do aluno e valorização da sua dúvida.