Após quase dois anos sem frequentar a Casa da Ciência, recebi um caloroso retorno, quando decidi dedicar a tarde livre para ajudar no que fosse preciso o lugar que outrora tanto me inspirou e ajudou na minha formação. Sob a figura de ex-aluno, é fácil notar nas entrelinhas que os alunos não estão apenas aprendendo sobre como se dispõem os órgãos genitais nas flores ou como ocorre o processo de polinização, para citar a excelente aula do prof. Milton Groppo, sobre o tema, mas sim aprender sobre a vida: entender os mecanismos biológicos que os rodeiam, as relações químicas que acontecem logo ali, mas que deixamos passar despercebidos porque em algum momento paramos de querer buscar os “porquês” das coisas.
Fica claro o real propósito da ciência: um exercício de entrega. Isso porque precisamos encarar o novo, tomar consciência da nossa própria ignorância e de que ainda há muito que se descobrir e avançar. E para isso precisamos nos entregar ao desconhecido, mesmo que a primeira vista ele não pareça ser tão empolgante.
Quando aluno, a profa. Marisa sempre dizia que o cientista olha o mundo com o entusiasmo e curiosidade de uma criança e deve ser por isso que a atitude da Casa da Ciência de aproximar os jovens da ciência é uma receita que tem dado tão certo.
É importante ver que o ciclo continua. Mesmo sete anos depois que ocupei o mesmo assento desta centena de jovens (e relembro que quando frequentei alcançávamos apenas algumas dezenas), que o projeto social da Casa da Ciência continua sendo de aproximar os alunos do Ensino Básico à pesquisa e instigar neles a busca por conhecimento, a curiosidade pelos mais variados temas que as palestras que acontecem religiosamente as quintas oferecem.
Mais importante ainda, é ver que existem alunos e orientadores dedicados, que em seus trabalhos de formiguinha, se aventuram em descobrir mais sobre como o sangue é formado, como ocorrem às mutações gênicas, os princípios e mecanismos da evolução, as preferências dos consumidores de fast food. Ver que os alunos querem ir além do que eles aprendem nos livros didáticos, apesar da timidez. E espero que eles consigam!

 

Texto por Lucas Kava

Revisão por Crislaine Messias