Dinossauros, fósseis e paleontologia foram temas do 13º “Férias com Ciência”

       A 13ª edição do Férias com Ciência aconteceu nos dias 23, 24 e 25 de janeiro, no Museu e Laboratório de Ensino de Ciências (MuLEC), com o tema “Jurassic Férias”. Dinossauros e fósseis foram apresentados pela equipe do paleontólogo Max Cardoso Langer. As atividades envolveram análise do filme Jurassic Park, exposição de fósseis, depoimento do cotidiano de um paleontólogo e visita ao Laboratório de Paleontologia de Ribeirão Preto (LPRP) da USP. O público de 40 participantes foi composto de alunos de 12 e 17 anos da rede pública de Ribeirão Preto e região.

       O principal objetivo do evento foi apresentar a ciência da paleontologia, como ela tenta compreender não apenas dinossauros e animais gigantes do Mesozóico, mas também as evidências de vida na história de nosso planeta por meio dos fósseis e do trabalho de paleontólogos.

A paleontologia tem duas facetas importantes, em especial os jovens, pois podem levar isso para sua formação: a ideia de tempo geológico e evolução. Falar de evolução mostrando um fóssil fica mais fácil. E o tempo geológico dá a noção que o mundo foi muito diferente no passado, e vai haver milhões de anos pela frente. Tirar essa ideia que vivemos nessa coisa estável, em que nada muda. E, principalmente, e ter noção da pequenez humana e do indivíduo frente a isso”, afirmou Langer.

Prof. Dr. Max Cardoso Langer, paleontólogo, ministra aula ao público

Os dinossauros segundo a ciência

       No primeiro dia de curso foi abordada a origem dos dinossauros, e uma linha cronológica de eventos geológicos e evolutivos relacionados aos diversos grupos de dinossauros foi traçada. A palavra dinossauro deriva do latim para “lagarto terrível”, termo cunhado por Richard Owen (1804-1892), um dos primeiros paleontólogos. Entretanto, os dinossauros são mais aparentados com as aves ou os crocodilos modernos do que com lagartos.

       Uma vez apresentados ao que a ciência conhece sobre a diversidade, origem e evolução de dinossauros foi vez de contrastar essa visão científica com as reproduções hollywoodianas desses animais. A partir de cenas dos quatro primeiros filmes da série “Jurassic Park”, os alunos puderam analisar conceitos equivocados presente nos filmes, como dinossauros representados sem penas, seus hábitos de caça e predação exacerbados para causar medo e diversão, ou ainda o tamanho aumentado de maneira exagerada pelos mesmos motivos.

       Sobre essa questão do tamanho dos dinossauros foi interessante notar que a curiosidade em relação aos números, peso ou altura, estava entre as perguntas mais frequentes durante o primeiro dia. O que contrastou com o interesse no pesquisador ao afirmar não guardar muito esses números, enquanto se mostrava muito mais admirado com outras questões, como as modificações e adaptações que os dinossauros sofreram ao longo do tempo. Essa atenção às formas e características viria chamar atenção dos alunos ao observarem e manipularem fósseis no dia seguinte.

 

Exposição de fósseis

       O principal objeto de estudos de paleontólogos marcou o segundo dia do Férias, o fóssil. A exposição com diversos fósseis (peças originais e réplicas) de animais invertebrados e vertebrados foi conduzida pelos paleontólogos Wafa Adel AlHalabi e Fellipe Muniz. Chamou a atenção fósseis de grandes animais como dinossauros, e também os de crânios de hominídeos parentes próximos do homem como Australopithecus.

Quando entrei na faculdade de Geologia só fui ver um fóssil no segundo ano. Hoje a gente vê fóssil na internet. Mas ter esse contato é muito legal, principalmente porque podemos vê-los em regiões próximas, como nos museus em Monte Alto e Uberaba”, afirmou Langer.

       Mas o que são fósseis? São restos de seres vivos ou evidências de suas atividades (icnofósseis) preservados ao longo de milhares de anos, que podem ser encontrados em rochas, sedimentos, resinas, entre outros materiais. Seu processo de formação é complexo, demorado e influencia diretamente na qualidade do material encontrado pelos pesquisadores, área de estudo denominada “tafonomia”.

Segundo dia de atividades com fósseis e especialistas

       Os fósseis são fascinantes quando observados em museus, mas fica uma questão: Como foram encontrados? Estavam inteiros? Uma dica: Quem já viu o filme Jurassic Park, provavelmente se encantou quando o paleontólogo encontrou um fóssil inteiro. No entanto, o cotidiano do paleontólogo é um pouco diferente, advertiu Langer. A maior parte do tempo ele fica no laboratório preparando e interpretando os fósseis, que podem ter sido encontrados em pedaços ou dentro de rochas.

Visita ao laboratório

       No último dia, o paleontólogo Marcos César Bissaro Júnior mostrou o cotidiano de um pesquisador da área. Quando um fóssil é encontrado, há o rigor da coleta de maneira a não estraga-lo. Imagine como retirar um osso de dinossauro com metros de comprimento e centenas de quilos de uma rocha para levar ao laboratório pode ser problemático.

       Em seguida, os alunos visitaram o laboratório de paleontologia, onde puderam conhecer como a pesquisa do paleontólogo continua após o trabalho de campo. Nesse momento puderam observar o minucioso trabalho de preparação do material fossilizado, que visa separar o fóssil propriamente dito de restos de sedimentos por meio de processos mecânicos utilizando martelos e talhadeiras, ou químicos, com reações e substâncias. Outros equipamentos e tecnologias utilizados, como a tomografia computadorizada, também foram apresentados aos alunos. Essa técnica permite a reconstituição anatômica, inclusive de tecidos moles, de seres extintos.

Terceiro dia de atividades foi ao Laboratório de Paleontologia de Ribeirão Preto

       Como o reinado dos dinossauros na Terra, o Férias da Ciência jurássico teve um fim. Mas, lembre-se, podemos compartilhar nosso cotidiano com o que sobrou dos dinossauros: as aves. A essa altura você já sabe que todas as pombas que você cruza no seu dia a dia são descendentes (bastante modificados) daquelas criaturas gigantes que um dia dominaram a Terra. Até mais!

 

Texto: Caio M.C.A. de Oliveira, Gabriela Zauith e Ricardo Marques Couto

Revisão: Marisa Barbieri