Higiene dos alimentos: os parasitas da alimentação

No dia 23 de maio a palavra do dia foi parasitismo. Um pouco distante da Biotecnologia, área na qual faz pós-graduação, o doutorando Everton de Brito Oliveira conversou com os jovens do Adote um Cientista sobre “A importância da higiene dos alimentos”, ressaltando o alto índice de transmissão de parasitas por meio da alimentação.

Na palavras do pesquisador

A Parasitologia Humana é a ciência que estuda os parasitas e as doenças parasitárias humanas causadas por estes agentes. Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento dessas doenças, das boas práticas de nutrição e higiene, e de boas condições sanitárias, as doenças parasitárias afetam milhões de pessoas no mundo inteiro. Desse modo, a Parasitologia Humana é importante para estudar e conhecer as doenças parasitárias, bem como a relação do parasita com o ambiente e com o hospedeiro, os humanos.
Os parasitas são organismos que vivem em um hospedeiro e sobrevivem às suas custas. O parasitismo é uma relação na qual existe unilateralidade de benefícios, ou seja, o hospedeiro serve como fonte de alimento e abrigo para os parasitas e não é beneficiado em parte alguma pela coexistência do parasita.
A maior parte dos parasitas humanos tem transmissão via oral-fecal e são adquiridos por hábitos higiênicos inadequados ou mesmo através de alimentos contaminados. As boas práticas de higiene pessoal e dos alimentos são fatores que podem evitar a contaminação dos humanos com inúmeros parasitas causadores de doenças.

Everton de Brito Oliveira Costa
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – FMRP/USP

Adoecendo pela boca
Pode parecer conselho de nutricionista, mas o título sugestivo, mais do que um alerta para o excesso ou falta da alimentação correta, é uma abordagem para um problema que não pode ser corrigido com uma dieta ponderada. Com foco na grande incidência de doenças causadas por parasitas adquiridos devido à falta de higiene com a alimentação, o pesquisador Everton falou sobre os conceitos básicos de imunologia,  as protozooses (doenças causadas por protozoários) e helmintoses (causadas por helmintos) e mostrous as estatísticas do Ministério da Saúde quanto à incidência das doenças citadas.
Os alunos foram receptivos com o tema e, logo na primeira menção sobre ascaridíase, popularmente conhecida como lombriga, as perguntas surgiram: “Minha mãe me dizia que quando a gente tem vontade de comer é porque tem lombriga. É verdade?”; “A lombriga pode prejudicar a gravidez?”.
Diferente das outras relações ecológicas, o parasitismo traz benefícios apenas para uma parte: o parasita. No entanto, os danos causados ao hospedeiro não são estritamente fatais, já que o hospedeiro fornece abrigo e alimento para o parasita; assim, o consumo dele é restrito, pois não é interessante que o hospedeiro venha a óbito. Num ponto de vista evolutivo, as condições de sobrevivência entre parasita e parasitado se tornam adaptações conquistadas.
Por mais contraditório que pareça, o parasita tem uma contribuição importante que se dá por meio do controle populacional de algumas espécies. Além disso, alterações de pH ou temperatura no ambiente podem tornar esses organismos mais resistentes ou vulneráveis, potencializando epidemias sazonais.
Apesar de tudo, não podemos descartar a grande participação do homem nessas alterações. De tanta variedade, a disponibilidade e o acesso à “limpeza”, alvejantes podem ser encontrados até mesmo nas padarias.
Hoje, com tanta ciência e tecnologia espalhadas mundo afora, muitas pessoas acreditam que o produto vendido no mercado é imune às impurezas, inclusive aos parasitas. É nesse conformismo equivocado que o homem, cujo papel é de hospedeiro definitivo (abriga o parasita no estágio adulto), tem tomado o lugar dos hospedeiros intermediários (onde o parasita se aloca durante a fase embrionária). No caso daTaenia solium, os cisticercos – popularmente chamados de “canjiquinha” -, por exemplo, podem ser encontrados infestando seres humanos em vez de porcos. 
Com informação para todos os gostos, o encontro trouxe informações aos alunos sobre as diferenças entre os parasitas, a distribuição, a ocorrência, os sintomas, as causas, as características e os efeitos da doença nos tecidos humanos. O pesquisador falou sobre a existência de tratamentos para algumas parasitoses, mas os jovens foram alertados que o mais eficaz é a prevenção, que se dá na higienização dos alimentos (frutos, leguminosas e verduras) com água sanitária e evitando o consumo de carne bovina e suína mal passada (principais vetores dos parasitas citados).


Espaço dos alunos

A partir da análise das filipetas do encontro, a equipe da Casa da Ciência produziu este infográfico destacando as principais dúvidas manifestadas pelos alunos e os principais conceitos aprendidos no encontro. A finalidade deste instrumento é a avaliação dos momentos de aprendizagem do aluno e valorização da sua dúvida.