Você sabe o que é Leucemia Promielocítica Aguda? Ou como ela se manifesta no ser humano? É sobre esse tema bem complexo que o professor Eduardo Magalhães Rego, Chefe do Serviço de Hematologia e Oncologia Clínica do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e Diretor Científico da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto trouxe para palestrar no Adote do último dia 20 de abril.
Como o conhecimento científico pode evoluir e se converter em benefício para a população? Foi justamente isso o que aconteceu com a Leucemia Promielocítica Aguda, uma doença que apresentava altas taxas de mortalidade, mas que a partir de muitos estudos ao longo de décadas pode ter seu desfecho revertido.
Para abordar esse tema primeiro é preciso falar sobre o sangue e sua estrutura. Afinal, qual é a função do sangue?
O sangue….
Professor Rego explicou que o sangue é dividido em três partes: plasma, creme de leucócitos e hemácias, e cada uma dessas partes tem uma função específica.
O plasma é a parte líquida do sangue que está concentrado e ligado ao citoplasma da célula. O plasma tem proteínas muito importantes que ajudam na coagulação do sangue. Essas proteínas são responsáveis por evitar que um indivíduo sangre até a morte após sofrer algum tipo de acidente em seu corpo. Nesse trabalho, a plaqueta também é responsável por colaborar com a coagulação.
Sabia que os leucócitos têm diferentes aspectos e funções? Leucócitos ou glóbulos brancos são células produzidas pela medula óssea e seu papel é proteger o organismo de doenças, infecções e alergias. Você sabe o que são basófilos?
Você sabe o que é uma hemácia? Mais conhecida por glóbulos vermelhos e também chamada de eritrócitos, as células sanguíneas com um aspecto de disco bicôncavo fazem o transporte do gás oxigênio utilizado na respiração celular em todo corpo humano.
Mas afinal, de onde vem o sangue? O sangue é produzido no interior dos ossos. O professor explicou que o osso não é sólido, ele é esponjoso e seu interior é cheio de uma substância chamada medula óssea. Na medula óssea ocorre à origem, é o órgão que forma o sangue.
Outra informação importante é que no decorrer dos anos, isto é, ao longo do desenvolvimento de um indivíduo, os órgãos responsáveis pela produção de sangue são alterados e a produção consequentemente diminui. Quando criança praticamente todos os ossos produzem sangue. Na fase adulta a produção se concentra mais em torno dos ossos da coluna, bacia e osso externo. Já na fase idosa, a produção de sangue diminui acentuadamente.
Sabia que muitas doenças que são atribuídas ao sangue, na verdade são oriundas da Medula Óssea?
Você já ouviu falar em Maturação Mieloide? E blasto, você sabe o que é? Maturação Mieloide está ligada a formação do sangue, já que ele não “aparece” de uma vez. Na Maturação Mieloide, a célula jovem, conhecida como blasto passa por vários estágios de amadurecimento para adquirir características que vão determinar qual tipo de célula ela será na fase adulta, especializando-se.
O blasto é uma célula imatura, ou seja, muito jovem encontrada na medula óssea. Quando esta célula não amadurece corretamente, ela pode migrar do seu local de origem que é dentro da medula óssea, entrar na corrente sanguínea e ir para outras áreas do corpo como nos gânglios linfáticos.
Depois de explicar aos alunos os principais pontos relacionados ao sangue, o palestrante direcionou o assunto para o tema principal da palestra: a Leucemia.
As Leucemias Agudas são causadas pela proliferação descontrolada de células jovens da Medula Óssea. Decorrem da falha de produção de células maduras no sangue e da infiltração dos órgãos pelas células imaturas, os blastos.
Quando o organismo não produz célula adulta a capacidade de transportar oxigênio para o corpo diminui significativamente, por isso o indivíduo apresenta falta de ar e cansaço. O sistema imunológico fica desprotegido e a pessoa tem muitas infecções, além de hemorragias, pois não há plaquetas para auxiliar na coagulação do sangue.
Um pouco de história…
A Leucemia Promielocítica Aguda foi identificada entre as décadas de 50, 60 e comecinho da década de 1970. Nesta época, a doença era altamente fatal, já que a maioria dos pacientes apresentam hemorragias cerebrais irreversíveis para tratamento.
Você sabe como surgiu o nome Leucemia Promielocítica? Mais precisamente em 1956, um estudante de Medicina do norte da Europa observou no microscópio que em alguns pacientes as células leucêmicas infiltrava o sangue e a medula óssea parecia promielócito, dando origem ao nome.
Outras características observadas nos pacientes com Leucemia Promielocítica Aguda é que eles tinham muita manifestação de sangramento, e o que agravava o quadro dos pacientes é que essas hemorragias acometiam o cérebro e causavam alta taxa de mortalidade.
Você sabia que o estudo dos cromossomos, na década de 70, colaborou para o progresso das descobertas acerca da Leucemia Promielocítica Aguda? E por meio desse estudo foi possível identificar que as alterações sofridas pelos cromossomos 15 e 17 estavam diretamente ligadas a Leucemia Promielocítica Aguda?
No final da década de 80, começo dos anos 90, o estudo voltado para Clonagem gênica de isolamento, expansão e caracterização de DNA ou cDNA foi outro passo que contribui para o conhecimento de como tratar a doença.
Você sabe qual a relação do gene PML e do gene RARa com a Leucemia Promielocítica Aguda? E o que seria um gene híbrido? Ou como os camundongos contribuíram para a descoberta de medicamentos para Leucemia Promielocítica Aguda?
Você sabia que a descoberta acerca do tratamento da Leucemia Promielocítica Aguda, foi a primeira prova na Medicina de uma célula cancerosa que mesmo realocada conseguiu voltar a desempenhar suas modificações normais?
E como os cientistas chineses por meio de uma droga da cultura milenar chinesa, juntamente com os franceses, puderam colaborar significativamente para o tratamento da Leucemia Promielocítica Aguda?
Confira no vídeo como uma doença grave e a princípio sem perspectiva de cura teve seu prognóstico mudado através dos esforços de médicos que aceitaram o desafio de buscar o melhor tratamento para a doença.
Texto por Crislaine Messias
Revisão por Caio de Oliveira