À época da instalação da Casa da Ciência como parte do Centro de Terapia Celular (CTC-USP/CEPID), o Hemocentro de Ribeirão Preto criou condições favoráveis à difusão das pesquisas juntos às escolas básicas.
Inicialmente, as atividades da Casa eram centradas nos professores – apesar de já incluir seus alunos, visando promover a cultura científica nas escolas. No cenário atual temos os pesquisadores, em sua maioria pós-graduandos, como os principais parceiros dos programas educacionais da Casa, que têm oportunidade de se envolverem com atividades educacionais direcionadas à iniciação científica.
Eles têm a chance de ministrar palestras sobre temas complexos e atuais no programa Adote um Cientista e de orientar pequenos grupos de investigação científica no programa Pequeno Cientista.
Com crescente entusiasmo, os orientadores passam pelo desafio de planejar – dentro de sua área de pesquisa – um exercício de orientação semestral que leva cerca de dez encontros semanais com uma hora de duração. Durante os encontros, devem acompanhar e registrar o processo, que culmina na apresentação dos resultados alcançados pelos alunos no Mural da Casa da Ciência, que acontece ao final de cada semestre.
Os alunos de ensino básico que participam dos programas são enfáticos em apontar suas mudanças nos estudos e no seu dia-a-dia. Os pós-graduandos também têm revelado a importância do programa na sua formação; dizem que ao serem desafiados a elaborar projetos, decidir conteúdos afinados com objetivos e hipóteses (parte considerada mais complicada) e selecionar recursos e técnicas, desenvolvem tarefas pouco requeridas deles.
Os pesquisadores também apontam que não é uma passagem automática, a de orientado para orientador, apesar esperada, em sua trajetória acadêmica.
Para avaliar, é preciso validar as hipóteses de aprendizado que devem ser pré-definidas no plano de ensino e são referentes ao desempenho do aluno orientado. Definir com antecedência permite observações criteriosas e alterações sempre necessárias. O registro dos programas da Casa é visto como parte da avaliação do processo. É considerada uma tarefa chata, mas necessária para divulgar e facilitar o avanço dos programas. E as reuniões com os pós-graduandos que participaram do Pequeno Cientista no último ano ajudaram a identificar dificuldades da orientação e a aprimorar a estrutura do programa.
Embora deixem de escrever muito do que fazem, os orientadores procuram criar situações, produzir materiais, estimular observações e solicitar leituras focadas que indicam uma forte relação do projeto desenvolvido com um trabalho de iniciação científica.
Os orientadores têm percebido que os alunos chegam tímidos, mas por volta do quinto encontro, especialmente durante as atividades práticas, ficam ativos e passam a usar a linguagem apropriada ao tema, os termos científicos. Os alunos se mostram empolgados em apresentar seus trabalhos, mesmo sabendo que serão avaliados, e escrevem textos estabelecendo relações entre conceitos complexos pertinentes ao tema.
O Pequeno Cientista é um programa educacional que traz a aproximação entre pesquisador e aluno, universidade e rede básica de ensino. E o pós-graduando, atuando como orientador na iniciação de pequenos pesquisadores, é essencial para que se promova a cultura científica nas escolas.
por Vinicius Anelli e Marisa Barbieri