Acordar às 6 horas da manhã. Como é difícil sair da cama! Pensem bem, é necessário ativar os 200 tipos de ossos e 600 músculos esqueléticos que temos no corpo. “Tarefa difícil, não acham?”, quis saber o doutorando Paulo Ricardo H. Rocha, palestrante do Adote um Cientista no dia 10 de maio de 2018.
       Sobreviver neste planeta nunca foi tarefa das mais fáceis. Se não temos grandes qualidades físicas como força muscular e velocidade, temos algumas outras características que nos tornam diferentes. Querem ver?
       Já pensaram na questão de sermos chamados bípedes, ou seja, que andamos sobre dois pés? A evolução do bipedalismo humano alterou a estrutura do nosso corpo. Braços e mãos encurtaram, pernas encompridaram, a pelve (bacia) mudou de maneira que sustenta melhor o peso corporal sobre duas pernas.

      Andar sobre duas pernas precedeu em cerca de cinco milhões de anos o aumento do cérebro e a manipulação de objetos. Com isso, o corpo humano ficou livre da necessidade de respirar em sincronia com o passo, como acontece com os animais quadrúpedes, o que teria possibilitado aos pulmões modular a respiração de forma sutil.

Bipede hominids

       A principal razão para ficar em pé estaria relacionada com a sobrevivência e reprodução. Os movimentos ou, complementando o pesquisador, a ação motora, é adaptativa para obtenção de alimentos e proteção, tornando possível nossa sobrevivência como espécie. Está nos nossos genes e garantiu a sobrevivência.

       Pesquisas também sugerem que nosso primo Homo erectus andava longas distâncias e conquistou o mundo. Na verdade, antes da maioria das populações humanas se tornarem agricultores e fixados em um local, nossos ancestrais eram nômades, e caminhavam muito.

       Imagine agora um ancestral nosso encontrando um leão durante sua caminhada na savana africana. No mesmo momento, aumentariam sua glicemia e pressão, e a suas pupilas dilatariam. Além disso, seus músculos contrairiam com mais força. Tudo isso porque nosso corpo é preparado para a ação motora, segundo o pesquisador Paulo Ricardo.

    Além do corpo pronto para o movimento, o fato de ficarmos em dois apoios possibilitou a utilização dos membros superiores para manuseio e confecções de instrumentos e ferramentas. Desta forma, nossas limitações físicas, em comparação aos outros animais que competiam conosco por alimentos, foi superado por nossa habilidade motora fina e cognitiva em elaborar lanças, armadilhas e alavancas. Com isso, devido a integração da capacidade cognitiva e motora, o Homo Sapiens foi capaz de ultrapassar suas limitações físicas lhe garantindo a sobrevivência e a ocupação do topo da cadeia alimentar.

       “Mais da metade do cérebro serve para percepção e ação”. Em outras palavras, precisamos da metade do cérebro para processar as informações ambientais e gerar uma resposta motora. “O grande problema é o modo de vida contemporâneo”, segundo o pesquisador. “Temos esse aparato motor de sobrevivência, mas não vivemos como nômades ou caçadores coletores.”, completa o pesquisador.

       Vivemos uma grande contradição. Por um lado temos uma vida urbana e por outro um corpo do Pleistoceno (época que compreende de 2,5 milhões a 11,7 mil anos atrás). Como resolver esse paradoxo no mundo contemporâneo? O palestrante trouxe o conceito de habilidade motora discreta ou contínua para ajudarmos a pensar sobre isso no cotidiano e mostrou como o ambiente moderno pode impor limites na nossa ação motora diária e torná-la saudável.

       Por fim, se questionou “Que tipo de ação motora eu gosto”? A partir dessa resposta poderíamos identificar qual atividade física e habilidade motora seria possível incluir em nosso dia a dia, ou, qual esporte teríamos mais prazer em praticar. Quer saber mais sobre as habilidades motoras?

       Acesse a palestra com o pesquisador no Youtube da Casa da Ciência e, lembre-se que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), jovens entre 5 a 17 anos devem realizar 60 minutos de atividades físicas diárias, que não necessariamente devem ser exercícios físicos em academia.

 

Autor: Ricardo Marques Couto

Revisor: Caio M.C.A. de Oliveira e Paulo Ricardo Rocha

Fonte da Imagem:  Diário de Biologia