Algumas espécies se relacionam entre si na natureza. Essas interações são conhecidas como relações ecológicas interespecíficas. Os alunos do programa Adote um Cientista estudaram a interação mutualística entre as vespas (Pegoscapus tonduzi) e as figueiras (Ficus citrifolia). A relação dessas duas espécies diferentes resulta em benefícios para todos os organismos participantes e, por isso, é classificada como mutualismo.

A figueira Ficus citrifolia da família Moraceae, são monóicas, caracterizadas por sua inflorescência, com suas flores diminutas, reunidas de forma especial denominado sicônio, que consistem em um receptáculo fechado, com as flores inseridas no lado de dentro, e um orifício de saída no ápice, ou ostíolo. Assim formando um dos sistemas mais curiosos, com suas flores fechadas não ocorrendo contato com o exterior, não havendo transferência do pólen espontaneamente.

 

 

A vespa da espécie P. tonduzi da família Agaonidae, é a única que consegue adentrar no interior do figo. Seu porte físico pequeno auxilia a entrada por uma pequena abertura estreita (ostíolo), onde ao entrar perde suas antenas, asas e pernas. Já no interior do figo, ela coloca seus ovos em muitas flores e polinizam as restantes, assim a figueira proporciona moradia e abrigo aos filhotes da vespa ao mesmo tempo em que ocorre a fecundação e desenvolvimento das sementes do próprio figo. A prole de vespas se crescem no lugar dos frutos, desenvolvendo-se em galhas.

 

 Desenho feito pelo aluno Kennedy de Souza Dias

 

Próximo ao final do período de desenvolvimento das sementes, a prole de vespas entra no estagio adulto. Os machos fecundam as fêmeas e abrem orifícios para elas saírem do interior do figo e eles permanecem ali mesmo. As fêmeas vão para outras figueiras para colocar seus ovos e prolongar a espécie. Em seguida, as sementes terminam o seu desenvolvimento e o fruto torna-se um atrativo para animais, que, por sua vez, tornam-se dispersores naturais.
A figueira depende muito da vespa Pegoscapus tonduzi, um artrópode que auxilia no prolongamento da espécie da F. citrifolia, que também é beneficiada pela figueira para manter sua espécie viva. Essa vespa é a única espécie que consegue adentrar no figo e, devido aos seus históricos de co-evolução, elas desenvolveu características que correspondem às características da figueira com a qual mantém a relação, que é considerada uma relação interespecífica mutualística específica.

 

Redação: Kennedy de Souza Dias, aluno da EE Prof. Nestor Gomes de Araújo – Dumont – SP

Trabalho realizado em 2011 no programa Adote um Cientista.