O desmatamento sem critérios dizima florestas inteiras e pode levar milhares de espécies à extinção. O resultado são profundas alterações ambientais de efeito local e global. Essa frase muitos já ouviram na escola, nas rodas de conversa por esse Brasil afora, sendo uma preocupação recorrente nas discussões sobre o desenvolvimento sustentável.

Qual será o efeito dessas alterações na saúde humana? Segundo a doutoranda Maiara Voltarelli Providello, que apresentou a palestra “O impacto das alterações climáticas nas doenças transmitidas por vetores”, no dia 23 de maio de 2019, a queda da biodiversidade está relacionada com o aumento das endemias tropicais.  

Vocês sabem o que é uma endemia tropical?

Esse termo surgiu quando os colonizadores entraram em contato com uma série de doenças desconhecidas do continente europeu. Essa denominação ainda é pertinente porque, nos trópicos, fatores socioeconômicos, climáticos e de umidade favorecem a proliferação de insetos, os principais transmissores dessas doenças, explica Drauzio Varella.

Na palestra a doutoranda mostrou que o controle de vetores é um importante critério para a pesquisa na área. Vetores são conhecidos como hospedeiros, classificados como intermediário e definitivo (reprodução sexuada). No caso da malária, o inseto seria o hospedeiro definitivo e o ser humano o hospedeiro intermediário, chamado de reservatório pela pesquisadora

A malária é uma doença que causa febres, transmitida pela picada do mosquito Anopheles, infectado pelo parasita Plasmodium. O preocupante, de acordo com dados do Ministério da Saúde, é que a partir de maio de 2017, a malária voltou a crescer. O pico do aumento ocorreu em setembro, quando o número de casos dobrou em relação ao mesmo mês do ano anterior. Em 2018, a alta continuou. Em fevereiro, o último mês com dados disponíveis, o aumento era de 48% em comparação com um ano antes.

Maiara salientou que na falta de hospedeiros intermediários (animais silvestres), em decorrência da alteração da biodiversidade, as populações humanas ficam mais susceptíveis e podem s00er contaminadas. Já, a doença de Chagas, apresenta uma tendência declinante, ou seja, os números de casos infectados diminuíram em função do controle do hospedeiro. Sabem o nome dele? Popularmente é conhecido como barbeiro ou triatomíneos, pelos cientistas, diz a pesquisadora.

Será viável o desenvolvimento sustentável, que permita o progresso econômico e, ao mesmo tempo, preserve o meio ambiente e a saúde humana?

Quem quiser saber mais sobre os desequilíbrios ambientais e as endemias tropicais, que até já foram tema de redação do Enem, acessem o canal da Casa da Ciência no Youtube e reflita a relação do ser humano com a natureza. Lembrem-se que não há vacina para a maioria das doenças tropicais, mas há tratamento e medidas preventivas que devem ser adotadas para evitá-las.

 

Autor: Ricardo Marques Couto.

Revisão: Marisa Ramos Barbieri.